Nous (em grego antigo, νοῦς: 'intelecto', 'mente', 'razão'), termo filosófico grego que não possui uma tradução direta para a língua portuguesa, significa atividade do intelecto ou da razão, em oposição à atividade dos sentidos. Muitos autores consideram o termo como sinônimo de "inteligência" ou "pensamento".
A palavra é também utilizada para descrever uma forma de percepção que opera dentro da mente (o "olho da mente") e não apenas através dos sentidos.
O significado ambíguo do termo é resultado de sua constante apropriação por diversos filósofos, para denominar diferentes conceitos e ideias. Nous pode referir-se, a depender do filósofo e do contexto, a uma faculdade mental ou característica; outras vezes, a uma correspondente qualidade do Universo ou de Deus.
- Homero usou o termo nous significando atividade mental em termos gerais, mas, entre os pré-socráticos, o termo foi sendo gradualmente ligado ao saber da razão, em contraste com o conhecimento derivado dos sentidos.
- Anaxágoras descreveu nous como a divina razão universal que ordenou o mundo a partir do caos original, iniciando o desenvolvimento do cosmo. Anterior a ele, Hermótimo de Clazômenas foi atribuído por Aristóteles como proponente dessa noção. Diógenes de Apolônia também adotou nous como atributo à sua arché "ar".
- Platão define nous como a parte racional e imortal da alma e também herda o conceito cósmico de mente universal. É o divino e atemporal pensamento no qual as grandes verdades e conclusões emergem imediatamente, sem necessidade de linguagem ou premissas.
- Aristóteles, na Metafísica (XII, 7, 1072 b) identifica o nous divino como o primeiro motor das coisas, aquilo que move o todo na qualidade de causa final, distinguindo entre nous ativo e passivo: o passivo é afetado pelo conhecimento, enquanto o ativo (Da Alma, III, 5, 430 a) é a eterna causa primeira de todas as subsequentes causas do mundo. Também a Aristóteles se deve a noção de nous como a faculdade da alma de intuir os princípios indemonstráveis, o que é traduzido por intelecto (Ética a Nicômaco, VI, 6, 1440 a 31 e seguintes). Aristóteles considerava o intelecto como a parte imortal e perpétua da alma.
- Plotino (Enéadas, V, 9, 2-4; VI, 8, 17) descreveu nous como sendo umas das emanações do ser divino.